Relembre abaixo alguns dos casos de maior repercussão de Lia Pires.
ANOS 50
Em 1950, Lia Pires assumiu a defesa do intrincado caso de um químico de Santa Cruz do Sul acusado de matar por envenenamento a mulher, uma professora, 17 dias depois de se casarem. Segundo Lia Pires, o réu foi três vezes a júri, três vezes absolvido. No mesmo ano, ficou conhecido ao garantir a liberdade a um famoso advogado que matou o cunhado, em Alegrete.
Na metade dos anos 50, Lia Pires enfileirou vitórias espetaculares em casos rumorosos. Virou tema de reportagem na badalada revista O Cruzeiro e passou a ser conhecido como o “príncipe do júri gaúcho”.
ANOS 70
Na década de 70, por exemplo, defendeu um sapateiro acusado de matar um vizinho com uma espingarda calibre 12. O rapaz passava na frente da sapataria todos os dias e dizia um palavrão para o réu. Uma manhã, o sapateiro perdeu a cabeça e matou o homem. No júri, Lia Pires começou:
Oswaldo de Lia Pires
– Excelentíssimo senhor juiz, presidente destes trabalhos.
Repetiu a frase quatro vezes. Quando se preparava para a quinta, o juiz interrompeu, asperamente.
Oswaldo de Lia Pires
– Veja bem, excelência – disse Lia – eu o elogiei quatro vezes e o senhor ficou irritado. Imagine se, como o meu cliente, o senhor ouvisse um palavrão todo dia.
O réu foi absolvido.
Certa vez, usou uma esperta estratégia para distrair os jurados. Lia Pires apareceu em plenário com um charuto cuja cinza nunca caía. Depois de o réu absolvido, soube-se o segredo: um arame enfiado no charuto não deixava a cinza despencar.
ANOS 90
Em agosto de 1990, atuou como defensor do então deputado estadual Antônio Dexheimer e ajudou a absolvê-lo da acusação de ter matado o colega de bancada (PMDB) José Antônio Daudt. “Foram três dias de bate e bate. Brabo, danado”, definiu certa vez o próprio Lia Pires.
Em 1997, fez questão de trocar de lado para ajudar a condenar a 16 anos de cadeia o matador do filho de um amigo, o também criminalista Amadeu Weinmann. Foi uma união inédita entre dois tribunos de toga, que por anos a fio se digladiaram nos tribunais, mas que fora do plenário são companheiros fraternos.
…Foram três dias de bate e bate. Brabo, danado… definiu certa vez o próprio Lia Pires.
ANOS 2000
Após 12 anos afastado dos tribunais, Lia Pires retornou, em 2009, para defender um amigo, o coronel Edson Ferreira Alves, e o tenente-coronel Arlindo Rego, da Brigada Militar, acusados em um processo desencadeado a partir do assassinato de uma brigadiana em 2001.